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Um estudo minucioso efetuado em 1999 na famosa paleta de Narmer revelou um detalhe curioso e indicador da horrível mutilação praticada nos inimigos do faraó. Não apenas a decapitação, mas também a castração foram empregadas para assegurar que o morto jamais pudesse renascer no além-túmulo. Descoberta em 1898, a paleta é uma peça de ardósia com 50,8 cm de altura enfeitada com cenas de conquista. Uma das faces mostra Narmer agarrando o cabelo de um inimigo derrotado e pronto para abatê-lo. A outra face exibe o faraó em procissão triunfal, precedida por porta-estandartes. Frente ao desfile estendem-se os corpos acéfalos de dez inimigos anônimos, com suas cabeças colocadas entre seus pés e tendo os braços atados, cena reproduzida ao lado.
O curioso é que as cabeças, embora minúsculas, estão cuidadosamente esculpidas com barbas, olhos e sobrancelhas. Todas, menos uma, estão coroadas com um estranho objeto em forma de lingüiça. Quando essa obra de arte foi descoberta por J. E. Quibell, ele identificou o objeto como um boné com dois bicos, enquanto que o grande egiptólogo Flinders Petrie sugeriu que fosse a pele e os chifres de um touro.
A inspeção mais recente mostra, porém, que Quibell omitiu um detalhe vital no desenho que executou: a cabeça na qual falta o objeto na forma de lingüiça está justamente entre os pés da única figura mostrada com o pênis no lugar — a primeira à esquerda na figura acima. Em outras palavras, apenas nessa cabeça está faltando o objeto enigmático porque o "objeto" ainda está em seu lugar original, o que se torna claramente visível nas boas reproduções fotográficas da peça. Portanto, os objetos sobre as outras cabeças são, com certeza, os membros perdidos dos outros guerreiros. Decapitando e castrando, o faraó decretava a absoluta humilhação do inimigo e sua extinção total neste e no outro mundo. Sua mensagem era clara: Narmer, o rei, é o vencedor inegável. Os inimigos jamais renascerão. A morte eterna é o destino de quem desafia o faraó.
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